É um livro forte, que para uma pessoa branca de classe média, traz perspectivas muito diferentes das geralmente retratadas.
Acho bem difícil ler esta obra e não fazer uma autocrítica, se você está no seleto grupo das pessoas, que não têm medo de andar com um guarda-chuva, usar uma furadeira, ou simplesmente sair de carro com a família.
Não dei 5 estrelas, porque em minha opinião, partes da obra misturam temas, sem o devido embasamento técnico. Se faz um ataque ao capitalismo, sem contrastar com possíveis soluções e sem avaliar os efeitos recentes da pressão popular (que só é possível em poucos sistemas políticos-econômicos). Por exemplo, a CEO de um banco, que gerou repercussão negativa por declarações infelizes e, consequentemente, para não perder mais clientes, o banco está fazendo várias ações de promoção para para a população negra.
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![De bala em prosa: Vozes da resistência ao genocídio negro (Portuguese Edition) by [Vários autores]](https://m.media-amazon.com/images/I/5134fn0kP5L._SY346_.jpg)
De bala em prosa: Vozes da resistência ao genocídio negro (Portuguese Edition) Kindle Edition
O que dizer diante do permanente genocídio negro cometido pelo Estado brasileiro? Como descrevê-lo? De que maneira expressar a justa revolta pelo rastro de sangue que os projéteis oficiais deixam nas periferias das grandes cidades? De bala em prosa reúne textos de autores e autoras negras. São pessoas diretamente impactadas pela escalada da violência fardada no país. A gota d'água que os levou a escrever — mais uma dentre tantas que historicamente já transbordaram qualquer nível mínimo de civilidade — foi a morte de um músico e um catador de materiais recicláveis no Rio de Janeiro em abril de 2019. Negros, ambos foram assassinados pelo Exército, que disparou "por engano" o que no momento foi divulgado como "oitenta tiros" — mas que, na verdade, eram 257 — contra um carro que os militares "acharam" que tinha sido roubado. Os soldados mentiram, os governantes desconversaram, a imensa maioria da população permaneceu indiferente. Pipocos contra gente preta já viraram rotina, não causam a comoção que deveriam nem quando chegam à casa das centenas. A quem minimamente resolveu se perguntar por quê, afinal, as autoridades fariam tamanha barbaridade contra cidadãos a caminho de um chá de bebê em um domingo à tarde, os textos desta coletânea respondem de diversas maneiras, em diversos estilos e sob diversos pontos de vista, mas sempre com o peso da experiência de quem sabe que, pela cor que indelevelmente carrega na pele, está na mira do fuzil — e pode ser o próximo a engrossar as estatísticas. Eis o grito que ressoa em cada uma destas linhas. Quem escreve aqui escreve a partir de um cotidiano claustrofóbico de violência e preconceito, com raízes bem fincadas na escravidão. Angústia e sensação de impotência escorrem pelas vírgulas e pontos finais. Mesmo os textos mais otimistas estão empapados de sangue. Boa parte deles se direciona não apenas ao poder estatal que controla, reprime, encarcera e mata, mas aos poucos brancos que conseguem enxergar o racismo estrutural brasileiro, mesmo sem senti-lo ou compreendê-lo. Respire fundo. Destilado nas próximas páginas está o apelo de quem, com a garganta entalada, quis transmitir aos vivos a voz dos mortos — e dos sobreviventes. O genocídio precisa acabar.
- LanguagePortuguese
- PublisherEditora Elefante
- Publication date24 February 2020
- File size3730 KB
Product details
- ASIN : B084X2Z8YB
- Publisher : Editora Elefante; 1st edition (24 February 2020)
- Language : Portuguese
- File size : 3730 KB
- Text-to-Speech : Enabled
- Screen Reader : Supported
- Enhanced typesetting : Enabled
- Word Wise : Not Enabled
- Print length : 148 pages
- Best Sellers Rank: #24,376 Free in Kindle Store (See Top 100 in Kindle Store)
- Customer Reviews:
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Customer reviews
4.7 out of 5 stars
4.7 out of 5
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Cliente Kindle
4.0 out of 5 stars
Muito bom para quem está aberto a novas perspectivas
Reviewed in Brazil on 28 November 2020Verified Purchase
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Bruna Marcely
5.0 out of 5 stars
REFLEXIVO
Reviewed in Brazil on 15 May 2021Verified Purchase
Uma excelente coletânea de textos que denunciam a política de genocídio que existe, no Brasil e no mundo, contra pretos e pretas. O foco deste livro é o contexto brasileiro atual (2010 até 2021) que banaliza e apresenta descaso para com, especialmente, a violência policial e o abuso de poder que são apontados à população negra. Uma leitura simples, mas chocante, reflexiva e revoltante. Já penso em utilizá-la com os meus alunos nas aulas de Redação.

Jaqueline Ferraz
5.0 out of 5 stars
De bala em prosa: Vozes da resistência ao genocídio negro
Reviewed in Brazil on 5 June 2022Verified Purchase
"O genocídio é o “preço a se pagar” pela segurança do “cidadão de bem”. Qualquer vítima inequivocamente inocente, como uma menininha de oito anos ou um garoto em uniforme escolar, vira sacrifício no altar da paranoia securitária. No discurso oficial, eles são dano colateral: morrem porque tem bandido no morro e é trabalho da polícia matar bandido, não porque nossa concepção de segurança criminaliza a pobreza como um todo. As ágathas e os marcos vinícius do Brasil são alvo porque moram na favela. O asfalto compactua com seus assassinatos porque, no fundo, acredita que, se merecessem viver, não viveriam ali."
Gabriel Rocha Gaspar e Vanessa Oliveira
Estes textos foram escritos há poucos anos e quantos casos mais tivemos desde então? Acabamos de ver mais uma chacina no Rio de Janeiro, de ver Genivaldo ser asfixiado numa câmara de gás. É desesperador. Eu me volto à literatura para tentar acalmar essa sensação e encontrei nestes textos muitos desabafos, reflexões sobre o genocídio negro e o racismo estrutural, sobre o medo, mas também vozes de resistência e de luta.
"A tristeza me invade. O nojo me queima. Com meu choro eu engasgo. E o medo… Oitenta tiros cravaram em minha mente, em minha alma. Saio de perto da tevê. Ainda em choque, sento no chão da calçada de casa, vejo o movimento. Favela, periferia. Os meninos soltam pipa, as meninas brincam de esconde-esconde. O bar aberto, com os mesmos rostos. Acho que ninguém ainda viu a notícia. Notícia da guerra. Guerra civil. Aqui, a pátria amada mata os seus. O país de todas as cores e santos tem um alvo — e é um alvo preto."
Liliana Ripardo
"Definitivamente, tem algo de poderoso nas pequenas coisas. Um manifesto inevitável desse puxar-empurrar que é a vida. Dos curtos passos para a frente que renovam nossas esperanças diante dos tantos passos para trás que abalam a nossa fé. Imperceptíveis alegrias no meio do caminho — as que importam. As que nos fazem resistir e seguir em frente para seguir empurrando mais um pouco. Luz no meio da escuridão. Luz sem a qual sequer se pode conceber a própria existência das trevas."
Luiz Gustavo Alves
"Quando um corpo negro é estirado no chão, a primeira constatação do Estado Brasileiro Genocida é celebrar o fim de um suspeito. Menos um suspeito no Brasil. O país do cidadão de bem irá seguir mais seguro. Menos um corpo negro no mundo. A escória sendo exterminada. O Governo Federal Genocida celebra o fim de mais um vagabundo-favelado-futuro-criminoso."
Letícia Miranda
"O atual momento político ilustra bem a tese de Achille Mbembe, para quem o processo de consolidação de uma sociedade de inimizade remonta ao colonialismo e sustenta-se num Estado de guerra. Desde o século xix, os Estados modernos garantem sua “efetiva” atuação através daquilo que Mbembe chama de necropolítica, isto é, políticas de morte. De lá para cá, os Estados configuram-se, necessariamente, como Estados de guerra, cujo objetivo maior é exterminar os inimigos.
A partir disso, devemos estar atentos para uma das principais características da sociedade de inimizade: a substituição da relação de cuidado pela relação sem desejo. Nas palavras de Mbembe, “no interior de sociedades que não param de multiplicar os dispositivos de separação e de discriminação, a relação de cuidado foi substituída pela relação sem desejo”. Em termos práticos, isso significa a noção de que a vida da pessoa ao seu lado não importa. Onde há relação sem desejo, há vontade de extermínio."
Vinícius da Silva e Victor Adriano
Gabriel Rocha Gaspar e Vanessa Oliveira
Estes textos foram escritos há poucos anos e quantos casos mais tivemos desde então? Acabamos de ver mais uma chacina no Rio de Janeiro, de ver Genivaldo ser asfixiado numa câmara de gás. É desesperador. Eu me volto à literatura para tentar acalmar essa sensação e encontrei nestes textos muitos desabafos, reflexões sobre o genocídio negro e o racismo estrutural, sobre o medo, mas também vozes de resistência e de luta.
"A tristeza me invade. O nojo me queima. Com meu choro eu engasgo. E o medo… Oitenta tiros cravaram em minha mente, em minha alma. Saio de perto da tevê. Ainda em choque, sento no chão da calçada de casa, vejo o movimento. Favela, periferia. Os meninos soltam pipa, as meninas brincam de esconde-esconde. O bar aberto, com os mesmos rostos. Acho que ninguém ainda viu a notícia. Notícia da guerra. Guerra civil. Aqui, a pátria amada mata os seus. O país de todas as cores e santos tem um alvo — e é um alvo preto."
Liliana Ripardo
"Definitivamente, tem algo de poderoso nas pequenas coisas. Um manifesto inevitável desse puxar-empurrar que é a vida. Dos curtos passos para a frente que renovam nossas esperanças diante dos tantos passos para trás que abalam a nossa fé. Imperceptíveis alegrias no meio do caminho — as que importam. As que nos fazem resistir e seguir em frente para seguir empurrando mais um pouco. Luz no meio da escuridão. Luz sem a qual sequer se pode conceber a própria existência das trevas."
Luiz Gustavo Alves
"Quando um corpo negro é estirado no chão, a primeira constatação do Estado Brasileiro Genocida é celebrar o fim de um suspeito. Menos um suspeito no Brasil. O país do cidadão de bem irá seguir mais seguro. Menos um corpo negro no mundo. A escória sendo exterminada. O Governo Federal Genocida celebra o fim de mais um vagabundo-favelado-futuro-criminoso."
Letícia Miranda
"O atual momento político ilustra bem a tese de Achille Mbembe, para quem o processo de consolidação de uma sociedade de inimizade remonta ao colonialismo e sustenta-se num Estado de guerra. Desde o século xix, os Estados modernos garantem sua “efetiva” atuação através daquilo que Mbembe chama de necropolítica, isto é, políticas de morte. De lá para cá, os Estados configuram-se, necessariamente, como Estados de guerra, cujo objetivo maior é exterminar os inimigos.
A partir disso, devemos estar atentos para uma das principais características da sociedade de inimizade: a substituição da relação de cuidado pela relação sem desejo. Nas palavras de Mbembe, “no interior de sociedades que não param de multiplicar os dispositivos de separação e de discriminação, a relação de cuidado foi substituída pela relação sem desejo”. Em termos práticos, isso significa a noção de que a vida da pessoa ao seu lado não importa. Onde há relação sem desejo, há vontade de extermínio."
Vinícius da Silva e Victor Adriano

Silvia Ligieri
5.0 out of 5 stars
De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro
Reviewed in Brazil on 16 June 2020Verified Purchase
Autores gritam por justiça. Explanam sobre uma situação cruel e angustiante. Reflexões lúcidas sobre a explosão real de violência.
Realmente: o genocídio precisa acabar. Não se pode calar diante desse horror.
Uma leitura obrigatória!
Realmente: o genocídio precisa acabar. Não se pode calar diante desse horror.
Uma leitura obrigatória!

Daniel T.
5.0 out of 5 stars
Obra necessária.
Reviewed in Brazil on 1 July 2020Verified Purchase
Em meio ao caos que, não somente o Brasil, mas o mundo vive com ondas terríveis de Chefes de Estado com perfis autoritários,negacionistas e outras tantas péssimas atribuições, este livro traz um desabafo frente ao racismo Estrutural no Brasil.
Cada capítulo é uma forma de por em palavras toda a indignação e até revolta (nada mais junto em sentir, se matam nossos irmãos pelo simples fato de serem pretos ou pardos).
Leitura valiosa.
Cada capítulo é uma forma de por em palavras toda a indignação e até revolta (nada mais junto em sentir, se matam nossos irmãos pelo simples fato de serem pretos ou pardos).
Leitura valiosa.